Natural de Condeixa, João Pocinho estudou pintura na Escola de Artes António Arroio, em Lisboa – por onde passaram nomes ilustres das artes portuguesas – incentivado por um professor primário que, sensível ao seu talento, exibia orgulhosamente nas paredes da sala de aula as ilustrações das suas redações escolares. Essa valiosa formação daria, assim, consistência a uma vocação que se deu a conhecer desde cedo. Apanhado, porém, no epicentro do tumulto revolucionário de Abril, logo após a conclusão desses estudos, acabou por não dar prossecução a uma formação superior em Belas-Artes, como era seu intento, passando a trabalhar numa empresa enquanto desenhador.
Em 1979, e já de regresso a Condeixa, João Pocinho dedica-se exclusivamente à pintura e ao desenho, num período que lhe permitiu o aprofundamento dos seus conhecimentos e que assinalou um momento importante da sua evolução enquanto artista. Em 1980, aceita o convite para trabalhar no Museu Machado de Castro, em Coimbra, na área da Conservação e Restauro, onde permanece até hoje; a exigência e entrega que esse trabalho requer priva-o em boa parte da disponibilidade necessária à sua pintura, mas as solicitações para trabalhos artísticos em prol do museu abrem outros desafios ao seu percurso.
Fazendo constantemente da pintura um balão de ensaio, a sua produção artística denota influências diversas onde convivem, a par de uma realidade quotidiana, tangível, figuras que surpreendem pelo halo quase mitológico ou grandeza épica, numa insinuação do universo referencial do próprio museu; o desenho, pela sua espontaneidade, é o registo que prefere.
João Pocinho realizou diversas exposições coletivas e individuais e encontra-se representado em coleções privadas, em Portugal e no estrangeiro.
Pintor, decorador e cenógrafo, Joaquim Simões Melâneo nasceu em Condeixa, em 1897. A sua partida para Lisboa, aos treze anos de idade, possibilitou-lhe a aprendizagem dos primeiros rudimentos de pintura sob a orientação do pintor Abel Manta. Regressado à terra natal, frequenta a Escola de Desenho Industrial do Dr. João Antunes que o leva a iniciar-se na atividade de marceneiro entalhador que viria, mais tarde, a abandonar.
Este ofício conferira-lhe, no entanto, a reconhecida mestria para se encarregar da decoração das festividades no Palácio Sotto Mayor e de trabalhos de cenografia para teatro e revista; ocupou-se, também, da decoração de carros alegóricos para as festas da Rainha Santa e da Queima das Fitas, em Coimbra.
Exerceu o cargo de Oficial de Diligências no Tribunal de Condeixa e no Tribunal de Execução de Penas, em Lisboa, e fez da pintura a sua arte de eleição. Participou com vários outros pintores de Condeixa (Fernando Namora, Manuel Filipe, José Ventura) numa exposição de pintura, na delegação de "O Primeiro de Janeiro" em Coimbra, e concorreu a uma exposição na Sociedade de Belas Artes, em Lisboa. Levou a cabo diversas exposições em Condeixa, onde viria a falecer em 1969.
Professor, pedagogo, pintor, Manuel Filipe nasceu em Condeixa, em 1908. Aqui completou a instrução primária frequentando, posteriormente, a Escola de Artes e Ofícios, instituída pelo Dr. João Antunes. Ainda na sequência da sua formação, fez, em Coimbra, o curso misto de Ciências, Letras e Belas Artes.
Contemporâneo de Fernando Namora, a sua obra – sobretudo a da década de 40 – foi profundamente influenciada pelo movimento neorrealista, denunciando abertamente contradições de natureza socioeconómica e revelando, consequentemente, um artista criticamente posicionado.
Manuel Filipe realizou várias exposições individuais, que lhe valeram alguns prémios, e emprestou a sua valiosa colaboração a diversas outras, coletivas. A sua obra está representada em dezoito museus do país
Na Galeria Manuel Filipe, em Condeixa, pode ser admirado um conjunto significativo da obra deste artista.
José Ventura nasceu em Condeixa, em 1920. A vocação para a pintura começou a aflorar desde muito cedo e de forma instintiva; ainda mesmo durante o tempo dos estudos primários, mas sobretudo ao tempo do liceu, que concluiu em Coimbra, era frequente vê-lo andar com a sua bicicleta, pela vila, à procura do que quer que lhe fascinasse a vista, para reter na tela.
Frequentava já a faculdade quando adoeceu gravemente, com uma pleurisia; a difícil convalescença impossibilitou a prossecução dos estudos. Em 1957 acabaria por emigrar para a Venezuela onde, num momento inicial, empregou a sua arte ao serviço da publicidade, antes de se firmar como comerciante na capital venezuelana. Embora ligado ao mundo dos negócios, José Ventura não descurou nunca a pintura, tendo deixado uma vasta produção artística.
A instabilidade e insegurança daquele país determinaram, contudo, o regresso do pintor e da sua família a Portugal, onde viria a falecer em 1994.
Porquanto tenha adquirido notoriedade enquanto escritor – sobretudo pela mestria na arte do romance – Fernando Namora não silenciou uma sua outra vocação artística, fazendo várias incursões pela pintura e pelo desenho.
Num estudo1 sobre a obra pictórica de Namora, Miguel Pessoa, Palmira Leone e Lino Rodrigo avançam com uma delimitação temática e periodológica da sua pintura, destacando três principais fases. Na primeira delas, designada «naturalista», as paisagens assumem lugar de protagonismo, ressaltando, nas aguarelas, óleos ou desenhos, a sua singeleza despretensiosa e os matizes inequívocos da memória que as registou. Numa segunda fase que se estende, sensivelmente, por um período de vinte anos (1940 a 1960), Namora explora mais profundamente a pintura a óleo, introduzindo mais cor; nos trabalhos que integram esta fase (de recorte claramente neorrealista) assomam inquietações de ordem social, percetíveis em ambientes e figuras humanas que, retratados, denunciam a aspereza de um quotidiano. É ainda num momento inicial desta segunda fase que se integram os seus trabalhos de caricatura.
A partir de 1960, a influência neorrealista deixa de se fazer sentir com tanta premência: num registo mais ostensivo da cor, a sugestão relega para segundo plano a descrição e o traço preciso cede lugar a contornos mais esbatidos que indiciam a filtragem do real pela subjetividade.
A exposição permanente da Casa Museu, em Condeixa – onde algumas das suas obras poderão ser admiradas – coloca o público em contacto com esta faceta mais desconhecida, porém não menos interessante, de Fernando Namora.
1 PESSOA, Miguel; LEONE, Palmira; RODRIGO, Lino, «Caminhos de Vida, Caminhos de Pintura» in Fernando Namora – Nome para uma Vida, Câmara Municipal de Castelo Branco, 1998.
A 22 de Janeiro de 1935 nascia, em Condeixa-a-Nova, António Pimentel; aqui vive uma infância feliz e despreocupada, em que vão despontando, precocemente, a apetência e o gosto pelo desenho.
Estuda Belas-Artes em Coimbra, onde então a vida académica – oprimida por um regime ditatorial que levava já cerca de um quarto de século de existência – resfolegava insubmissão e ânsia de liberdade e no seio da qual se vinha gerando uma intensa atividade intelectual, literária e artística, de matriz neorrealista.
Em 1957, com 22 anos, realiza a sua primeira exposição individual na galeria do "Primeiro de Janeiro"; nesse mesmo ano funda, com outros artistas estudantes, o Círculo de Artes Plásticas da Associação Académica de Coimbra.
Ao virar da década, e devido ao fascínio que a Sétima Arte sempre lhe causara, ruma à capital, onde trabalha como assistente de realização de filmes para TV e cinema; mais tarde, acaba por ingressar numa agência de publicidade.
Experimentou uma formação diversa e enriquecedora: estudou técnica de cerâmica, com o pintor Mário de Oliveira Soares; desenho e pintura com o artista brasileiro Waldemar da Costa; técnica de gravura, sob a orientação de Roberto Delamonica, no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, a convite do Itamaraty. Após um ano no Brasil, parte para Paris em 1964, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, onde vai frequentar o Atelier 17 e, em seguida, a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, onde obtém a primeira distinção, a título estrangeiro.
Testemunhou, na capital francesa, o Maio de 68, momento de efusão do idealismo revolucionário. Este foi também o tempo da afirmação e reconhecimento dos dotes de grafista, pelo trabalho desenvolvido em agências de publicidade, que levou a que o "European Illustration" o tivesse incluído na sua antologia.
Quando em 1974 regressa ao país, pelas "portas que Abril abriu", assume, uma vez mais, o ofício de grafista publicitário, trabalhando a par com Ary dos Santos.
Em 1983, porém, decide dedicar-se por inteiro à pintura, o que implica uma radical mudança de existência, com o retorno à vila natal. Instala-se em Alcabideque, onde adquire «o "Solar dos Bentos", a um tempo casa, atelier e 'templo' para os prazeres da vida.». Aí faleceu na tarde de 24 de Abril de 1998.
Realizou diversas exposições, individuais e coletivas, promovendo a sua obra em Portugal e no estrangeiro. Dos seus quadros, de volumetrias perfeitas e cores aguerridas, em que a disposição dos elementos pictóricos obedece a uma racionalidade irrepreensível, sobressaem as sequências consagradas a Mariana Alcoforado (tematização da reclusão, na evocação de «uma magra freira que o pecado devora, espírito duma carne consumida»1), ao rei D. Sebastião (recuperação da história e mitologia sebásticas) e os seus Organismos (evocações fragmentárias das agressões do mundo mecanicista, que encerram um desejo de reorganização).
1 FRANÇA, José Augusto, «Sobre os Retratos de Soror Mariana Alcoforado Pintados em Série por António Pimentel» in António Pimentel, Coimbra, Casa Municipal da Cultura, 1997, p.31.
Poder-se-á dizer que foi com a tapeçaria e, nomeadamente, com a sua integração no “Grupo 3.4.5. Tapeçaria Contemporânea Portuguesa”, que Colette Vilatte mergulhou na combinação de motivos, texturas e cores, que viria a desenvolver e a orientar a sua apetência e sensibilidade plásticas.
Foi porém, e ainda assim, a teia dos acasos – em que se entreteceram a destruição fortuita do amado tear, a descoberta de antigos e despretensiosos trabalhos de pintura, pelo marido e também pintor António Pimentel e o incentivo de Eurico Gonçalves, no convite para uma primeira exposição – que a encaminhou, decisivamente, para a pintura.
E a pintura não figurativa de Colette Vilatte – exposta em diversas galerias do país e do estrangeiro – revela uma artista atenta, na captação da beleza plástica do lado efémero de tudo quanto nos envolve. Desde 1989, Colette trilhou um caminho em que a premência e a inexorabilidade do tempo se impõem sob diferentes registos, como sejam as colagens (em que a sobreposição age como um cadastro das alterações contínuas que o tempo imprime, à sua passagem) ou a denúncia dos efeitos d' O Silêncio do Tempo que vai deixando em superfícies murais, só aparentemente inexpugnáveis, um lastro que é simultaneamente de destruição e de beleza. As telas da última série, “L'État des Choses” exibem uma inteligente estratégia palimpséstica, de de-composição, assinalando o desgaste de uma mensagem consumista, só em parte recognoscível mas que, por isso mesmo, potencia os valores da sugestão.
Natural de Belvés - Périgord, França, Colette Vilatte veio para Portugal em 1974. Em Alcabideque, no concelho de Condeixa-a-Nova, manteve a sua casa e atelier.
José Manuel Santiago Ribeiro nasceu em Condeixa-a-Nova e viveu em Coimbra, dividindo a sua infância e juventude entre o meio rural e religioso da vila natal e da cidade académica laica, vanguardista, evolucionária, onde estudava na Escola Avelar Brotero e na qual finalizou o curso técnico de Artes e Ofícios.
Em 2007, ingressou na Escola Superior de Educação de Coimbra. Pintor surrealista, expõe desde 1990.
Organizou e participou em diversas exposições individuais e coletivas por todo o País, encontrando-se a sua obra representada em diversas coleções particulares. Está de igual modo representado na coleção de Arte Contemporânea do Museu Nacional Machado de Castro e na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra.
Exposições nacionais
Braga; Marinha Grande; Miranda do Corvo; Condeixa-a-Nova; Pombal; Viseu; Leiria; Barcelos; Castelo Branco; Figueira da Foz; Cantanhede; Fundão; Lousã; Torres Vedras; Lisboa; Montemor-o-Velho; Penela; Rabaçal; Mira; Nazaré; Coimbra; Amadora.
Exposições internacionais
Nantes; Belgrado; Madrid; Barcelona; Granada; Moscovo; Berlim; Varsóvia; Florença; Podgorica (Montenegro); Timisoara (Roménia); Dallas (EUA).
“A pintura de Santiago Ribeiro dá-nos o real e o avesso, o irreal e a sua penumbra, o movimento e a sua hipérbole, como o gosto do semeador que acaricia a seara. Se o traço é surrealista o que os seus quadros nos mostram, num justo equilíbrio de cores, é uma realidade outra, como se as figuras que nos interpelam fossem as nossas próprias sombras levantadas do fundo da memória.”
António Arnaut (poeta e escritor)
“Em Santiago Ribeiro as telas surpreendem-nos pelo "admirável mundo", ou não, que ele recria magistralmente, colocando as pequenas figuras (homens e mulheres) numa busca incessante ou simplesmente expectantes sobressaindo o equilíbrio das cores. Ao olhar as suas telas, o visitante sente-se intrigado e assaltado por uma dualidade de sentimentos".
Isabel Garcia, Galeria Minerva.
“Ironizando com relação entre o Homem e Mundo, Santiago Ribeiro apresenta diversos trabalhos muito imaginativos e originais. Neles, as cidades crescem até ao cume das montanhas, as estradas são ocupadas por grupos de nudistas e as Igrejas possuem retábulos com imagens de Cristos completamente despidos e sedutores.”
Visão 7, 22/03/2001
“O pintor conimbricense Santiago Ribeiro é o único português a participar numa exposição surrealista em Moscovo, no Museu Central de História Contemporânea da Rússia, agendada para finais de Janeiro, com meia centena de artistas de vários países.
Santiago Ribeiro irá apresentar duas obras – “Produção em Massa” e “Moinho de Fruta” –, sendo a quarta vez que as expõe em Moscovo, desta vez no 1.º Festival Internacional de Arte Contemporânea Rússia - Estados Unidos - Europa, entre 26 e 29 de Janeiro.”
Diário As Beiras 26/12/2012
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