Os “Encontros de Maio” – evento que decorre anualmente em Condeixa com o objetivo de promover a cultura popular – convocam, a cada edição, a participação dos diversos grupos tradicionais do concelho, assegurando a preservação e divulgação do património etnográfico condeixense.
São disso exemplo o Grupo Folclórico e Etnográfico de Belide, o Grupo Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Condeixa, o Grupo Etnográfico da Freguesia de Anobra ou o Rancho Folclórico e Etnográfico de Eira Pedrinha. Nestes grupos, tanto ao nível do repertório e das danças, como sobretudo dos trajos – tricana, fato de trabalho, fato domingueiro – é bem notório o entrecruzamento de influências que o concelho, pela sua própria localização, sempre favoreceu. Por seu turno, o Grupo de Cantares de Condeixa, constituído em 1995, recuou até cem anos num esmerado trabalho de recolha do repertório tradicional e original da vila e trouxe também até nós, inicialmente, na pessoa do maestro Ramiro de Oliveira (que, não obstante a sua provecta idade, acedeu colaborar ativa e entusiasticamente neste projeto) uma parte importante da história da música de Condeixa. Contando, num primeiro momento, apenas com vozes, este grupo passou a integrar um suporte instrumental a partir de 1999, já sob a orientação do musicólogo António Simões. Nas suas apresentações, tanto ao nível do país, como do estrangeiro, proporcionadas por intercâmbios culturais, o grupo encontra, invariavelmente, um forte acolhimento.
Destaque-se também o Grupo de Cantares de Anobra “ENCANTA”, o Grupo de Cantares da Freguesia de Vila Seca, a Tuna e Cantares de Ega, o Grupo de Cordas da ASA (Associação Sempre a Aprender) ou o Grupo de Bandolins da Casa Museu Fernando Namora.
Por outro lado, o canto coral renasceu em Condeixa em 1997, pela mão dos irmãos Pedro e João Paulo Devesa. O Orfeão Dr. João Antunes – numa justa homenagem a essa figura ímpar da cultura de Condeixa – conta com cerca de quarenta elementos que interpretam música sacra e profana do século XVI à atualidade, com prevalência para a música popular portuguesa. O Orfeão tem feito apresentações um pouco por todo o país e colhido as mais favoráveis apreciações do público.
Nos últimos anos, as formações musicais têm-se diversificado e vários jovens músicos de Condeixa se têm afirmado no panorama musical português. São disso exemplo Luís Santos, que integra projetos recentíssimos e tão diferentes como “Mancines” ou “Second Skin”; Mauro Ribeiro, guitarrista dos “Casino Royal” ou a cantora Sara Ribeiro, finalista da primeira edição do programa televisivo “Factor X”.
A existência periódica de ranchos de tricanas e ranchos infantis em Condeixa pode ser comprovada desde 1900; se, inicialmente, a sua presença era apenas solicitada por ocasião das fogueiras dos santos populares, cedo passaram a apresentar-se em todas as festividades religiosas da vila. Conduzidos por personalidades gradas de Condeixa – António Pena, Dr. João Antunes, Isac Pinto, António de Oliveira, entre outros – o repertório musical destes ranchos era renovado anualmente, com canções compostas sobretudo por António de Oliveira; mais tarde, os filhos Ramiro e Saul de Oliveira estariam também ligados ao folclore, ensaiando vários ranchos.
Fundado pelo Dr. João Antunes, o Orfeão dos Trabalhadores e Artistas de Condeixa fez a sua apresentação em 1903, na Igreja Matriz de Condeixa-a-Nova. Dispondo de um repertório onde se incluíam compositores consagrados como Beethoven ou Bach (a par de outros nacionais), este grupo coral (o primeiro de características populares em todo o país) notabilizou-se sobremaneira pela mestria das suas interpretações, que lhe valeu o elogio entusiasta da imprensa coeva e inúmeras solicitações de diversas cidades portuguesas. Contando sempre com uma média de oitenta elementos, o orfeão não deixou de impressionar também pela heterogeneidade harmoniosa da sua composição: um magma humano coeso, onde se fundiam diferenças etárias e sociais.
Filarmónicas, ranchos, corais. Diferentes formas de organização e orientação musical atestam uma mesma realidade, tradicional e consensualmente reconhecida – a da apetência musical dos naturais do concelho. Desempenhando um papel preponderante nas festividades religiosas e populares, as instituições musicais condeixenses representaram, em tempos idos, uma mais-valia enquanto fator de identidade e coesão social, servindo ao mesmo tempo à promoção do próprio concelho, pela divulgação da música nele cultivada.
Fatores de ordem histórica são invocados quando se trata de perceber as motivações que favoreceram a constituição da primeira filarmónica condeixense, ainda em 1850. Com as guerras civis de oitocentos, a localização geoestratégica de excelência converteria Condeixa em ponto de passagem obrigatório de diversos regimentos militares, nos quais vinham integradas, com frequência, bandas musicais; deste modo, e ainda que num enquadramento de hostilidade bélica, essa circunstância seria determinante, despertando o interesse da vila por esta arte.
Tendo como sólido baluarte Fortunato dos Santos Bandeira, a primeira filarmónica da vila era então fundada e, decorridos dois anos, abrilhantava a receção à rainha D. Maria II que, em 1852, terá passado na vila com o seu séquito, pernoitando no palácio de Francisco de Lemos (atual palácio Sotto Mayor). Se até ao ano de 1877 a filarmónica se manteve em funcionamento, as dissensões políticas dos vários membros acabaram por ditar a sua cisão, numa réplica do próprio Portugal, dividido entre regeneradores e progressistas. Por volta de 1895, contudo, dar-se-ia a fusão das duas filarmónicas numa só, que tomou o nome de Lealdade Condeixense; amparada pela generosidade de Manuel Ramalho, sobreviveu esta filarmónica largos anos, tendo-lhe mesmo sido atribuído, por decreto, o título de Real. E voltaria a marcar presença em mais uma visita régia, a do rei D. Carlos, em 1907.
Pela antiguidade da sua fundação, esta filarmónica tornar-se-ia vulgarmente conhecida como "Música Velha", donde todas as filarmónicas que se lhe seguiram (caso da "Fina Flor de Condeixa", que se estreou em 1920) ficaram conhecidas como "Música Nova". Em 1949, depois de uma existência de quase um século, a Lealdade Condeixense cessou a sua atividade.
Pese embora o tempo, inimigo inexorável da memória, foi possível resgatar ainda do esquecimento a única orquestra que se supõe ter existido em Condeixa. Possivelmente constituída em 1893, era dirigida por Simaria, um músico bastante conceituado nessa época e que chegou a compor várias sinfonias, interpretadas com distinção pelos seus músicos. A orquestra de Simaria, como se tornaria conhecida, desvanecer-se-ia lamentavelmente em 1895, tendo alcançado grande reconhecimento nos meios artísticos de Coimbra e do centro do país.
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