ZAMBUJAL

A agreste paisagem serrana produz uma impressão forte em quem a visita: a oliveira cria-se nas pedras, a vegetação rasteira rasga o solo a custo e as lonjuras dos campos estendem-se indefinidamente, entrevistas do alto dos montes; as casas, constituídas em pequenos aglomerados – servidos por ruas estreitas e avessas a emaranhados de trânsito – aproveitam, em larga medida, a própria pedra como matéria-prima, passando a integrar com naturalidade a fisionomia da região.

É curioso observar como já no século XVII, passando pela Fonte Coberta, o príncipe Cosme de Médicis se rendeu a esta paisagem árida mas não inóspita, solicitando a Pier Maria Baldi – pintor toscano que integrava o seu vasto séquito – uma pintura deste lugar.

Nesta freguesia, fundamentalmente rural, a criação de ovelhas e cabras é uma das atividades importantes em que assenta a sua economia, permitindo a produção de um dos melhores laticínios do país – o célebre Queijo do Rabaçal. Com efeito, a produção deste queijo ocorre não apenas na vila que lhe dá o nome, mas também nas zonas vizinhas, como é o caso do Zambujal. Embora existam atualmente algumas unidades industriais de produção, este queijo é ainda, em larga medida, caseiramente fabricado.

As origens históricas deste local – que constituiu em tempos remotos, e através da Fonte Coberta, um dos caminhos para Santiago de Compostela – são desconhecidas, vazio esse que o imaginário popular se apressou a suprir, através da Lenda dos Ferreiros. Não estará esta lenda, porém, tão arredada da verdade quanto se possa pensar, ao procurar justificar a designação de Zambujal como sendo proveniente de zambujeiro, já que o topónimo pode ter tido origem numa mata de zambujos, existente no sítio onde se veio a formar o aglomerado populacional.

Outrora vila, a freguesia do Zambujal viria a ser sucessivamente anexada aos concelhos do Rabaçal e de Soure até que por fim, em 1855, passou a integrar definitivamente o concelho de Condeixa-a-Nova. Ao nível do património histórico, a Igreja do Zambujal, de invocação a Nossa Senhora da Conceição, é uma obra da segunda metade do século XVIII, recentemente restaurada, e que vale a pena conhecer.